O dia 18 de fevereiro marca o dia Internacional da Síndrome de Asperger, em homenagem ao aniversário do médico Hans Asperger, pediatra e psiquiatra austríaco, que, em 1944, chamou a atenção para um grupo particular de crianças com características parecidas com o autismo, porém com particularidades próprias.
Trata-se de um transtorno neuropsiquiátrico muito comum, predominando no menino. Muitos desses pacientes são tidos, apenas, como “um pouco diferentes”. Em todos os lugares, observa-se um número crescente de diagnósticos, talvez, por maior interesse dos profissionais que lidam com o desenvolvimento infantil.
Clinicamente, o que mais chama a atenção é a falta de interação social. São crianças solitárias, que não tem “o melhor amigo”. Frequentemente são rejeitadas pelos colegas de classe. Apesar disso, são meigas, incapazes de se defenderem de agressões. Sofrem bullying com frequência, sendo um dos motivos de rejeição à escola.
Têm uma forma peculiar de comunicação. Empregam frases que memorizaram, porém, não costumam utilizá-las num contexto adequado, tornando difícil a comunicação. A fala é estranha, formal, pedante, de tom monótono. Usam o plural das palavras de forma muito chamativo. A compreensão é limitada, interpretando erroneamente o que ouvem ou leem. Não entendem metáforas ou gírias. A compreensão da linguagem tende ao concreto. Não sabem mentir.
São “desajeitados”, não sabem jogar futebol. Expressão facial, às vezes estranha, com olhar fixo peculiar, muito mais do que um contato visual.
Têm obsessão por certos assuntos, geralmente ligados a transportes, mapas, animais (dinossauros), que se modificam com o tempo. Na escola poderão apresentar interesse específico por matemática, fazendo cálculos de forma genial. Alguns têm história de hiperlexia – capacidade de ler em idade precoce.
Citamos, apenas, algumas das muitas características clínicas desta patologia.
O dia a dia destes pacientes e suas famílias é muito difícil. O mais importante é que tenham um diagnóstico correto e que este seja do conhecimento de todos, com o objetivo de, entre outros motivos, eliminar o preconceito, muito mais danoso do que o próprio transtorno.
Em Fortaleza existe a Associação de Pais de Crianças com Asperger, que pode ser muito útil àqueles que desejam compartilhar experiências ou se sentirem mais amparados.
Lucivan Miranda
Neurologista
infantil, professor do Departamento Materno Infantil da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Texto extraído do site: http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2012/02/17/noticiasjornalopiniao,2786751/para-conhecer-a-sindrome-de-asperger.shtml
Créditos da imagem: google imagens, site: http://www.deathandtaxesmag.com/178288/aspergers-syndrome-is-getting-canceled/)